terça-feira, 24 de março de 2009

O CORVO - Edgar Alan Poe



DE :EDGAR ALLAN POE
(1809-1849)

THE RAVEN

POR TRADUÇÃO DE: FERNANDO PESSOA
(1888-1935)


O CORVO

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais
«Uma visita», eu me disse, «está batendo a meus umbrais.
É só isso e nada mais.»
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão) a amada, hoje entre hostes celestiais —
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo,
«É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isso e nada mais».
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
«Senhor», eu disse, «ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi...» E abri largos, franquendo-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais —
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isto só e nada mais.
Para dentro estão volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
«Por certo», disse eu, «aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.»
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
«É o vento, e nada mais.»
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais.
Foi, pousou, e nada mais.
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
«Tens o aspecto tosquiado», disse eu, «mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.»
Disse-me o corvo, «Nunca mais».
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos seus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome «Nunca mais».
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, «Amigo, sonhos — mortais
Todos — todos lá se foram. Amanhã também te vais».
Disse o corvo, «Nunca mais».
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
«Por certo», disse eu, «são estas vozes usuais.
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este «Nunca mais».
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureira dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele «Nunca mais».
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sombras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!
Fez-me então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
«Maldito!», a mim disse, «deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».
«Profeta», disse eu, «profeta — ou demónio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais,
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».
«Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse. «Parte!
Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!»
Disse o corvo, «Nunca mais».
E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha dor de um demónio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais,
E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!

sábado, 21 de março de 2009

Lugares que um gótico deve visitar.

Antes de qualquer coisa, antes de ser modismo, subcultura ou coisa que o valha, gótico antes de tudo precisa de cultura!
Neste tópico, vamos ver o que é indispensável para a formação e lazer de um legítimo gótico.


CEMITÉRIO
Gótico que é gótico tem que pular o muro do cemitério ao menos uma vez na vida, leve alguns amigos e uma ou mais garrafas de vinho "sangue de boi" aproveite pra ficar admirando a paisagem, as estátuas, campas, sepulturas, lápides do lugar.
Se quiser, faça um pique-nique discretamente... Leve um bom livro e leia!

IGREJAS

Góticos adoram igrejas, por seu conteúdo interno, detalhes, abóbadas, naves e esculturas em geral. Em certas igrejas, até os bancos entram para a apreciação!
Igreja é um programa e tanto, até mesmo, ficar na porta quando estão fechadas e então, ficar olhando pro infinito... É realmente muito gótico e você pode de quebra se imaginar um gárgula em frente a catedral, se ela não tiver um.

LIVRARIAS

Mesmo que você esteja sem dinheiro e não possa comprar nem um livro no sebo, vá a livraria mais próxima e fique namorando os livros que você não pode comprar!
Desfolçhe alguns e absorva cultura!
Existem algumas livrarias cujos prédios são antigos e muito bonitos.
Aproveite sua estadia de todo o jeito, o importante é ser bem informado.

MUSEUS E GALERIAS DE ARTE

Gótico precisa de cultura.
Num fim de tarde, vá para o meuseu ou visite uma galeria de arte.
Escolha uma tendência, mas não esqueça dos clássicos!
A beleza é antes de tudo requisito essencial, e obras clássicas mandam ver nesse sentido!

GALERIA DO ROCK

Gótico tem que ir todo sábado na galeria sem dinheiro pra comprar nada, todos fazem isso e você não quer ficar de fora né? Pra quem não é de são paulo vale dizer que ir a galeria é seu sonho, mas um dia todos os estados vão ter uma galeria do rock!

PRAÇAS

Um ótimo lugar pra ir quando não se tem lugar nenhum pra ir. As praças são perfeitas pra beber com os amigos, e depois você pode aproveitar e chorar um pouco porque levou um pé daquela gótica da galeria...

CASAS NOTURNAS

Escolha a de sua preferência, vá toda semana no dia mais barato e dance com a parêde! Isso mostrará a todos o quanto você é deprimido, mas lembre de ir bem maquiado e produzido, mesmo que você vá de busão até lá!

AVENIDAS

Góticos odeiam o sol, isso é estatisticamente provado, mas todos eles adoram esperar dar duas da tarde pra vestir o sobretudo e o coturno ( a roupa preta que você não tira nunca, mas mescla! ) pra desfilar pra lá e pra cá debaixo do sol quente, tudo isso pra mostrar pros seus vizinhos o quanto você é radicalmente gótico!

QUARTO

Alguns góticos são anti-sociais porque vivem sendo rejeitados, então que lugar melhor pra ficar do que seu próprio quarto? Pinte as paredes de preto, cinza, tons pálidos e mortos, decore com morceguinhos de plástico e caveiras pra aumentar o clima soturno. A intenção é deixar você à vontade com as coisas que os outros acham estranhas e de quebra, assustar crianças e velhinhas quando entrarem, porque assim não vem mais!

"Agora que você tem algumas dicas, ponha-as em prática!
Ser gótico é muito bom! "

Texto original da Shadow's Angel.






quinta-feira, 19 de março de 2009

Religião e simbolismo

"Assim como outros grupos sociais ou tribos, os góticos também são ricos
em simbolísmo e tem sua própria forma de demonstrar sua religiosidade."

O gótico/darkwave é uma subcultura laica, ou seja, não é integrada à qualquer religião. Alguns pensam que os góticos estão diretamente ligados à Wicca ou Satanismo, invariavelmente. Cada membro é livre para a es
colha de crenças em QUALQUER TIPO DE DEUS, porém, no gótico não se encontram pessoas dispostas a seguir religião que implique no apego a qualquer tipo de dogmas, principalmente os religiosos, regras onde se propõe o que deve vestir, ler, crer ou fazer.

Algum recurso de preâmbulo religioso é utilizado como temática, para músicas ou estética. Um crucifixo, por exemplo, pode, teatralmente, simbolizar a tortura (Crucio = tortura), pois a cruz foi cunhada em Roma, como instrumento para tal, antes mesmo do nascimento de Cristo. Outro engano freqüente é a ligação do estilo musical gótico com outro com o qual nunca teve nenhum contato, o "Gothic Metal". Acontece que o rótulo faz uma junção inaceitável (de puro marketing) entre duas subculturas diferentes. Mas para isso é preciso, primeiramente, conhecer o verdadeiro conceito musical e as verdadeiras raízes da cena gótica ou darkwave como seus membros gostam de chamá-la. Para saber mais Leia o artigo existente sobre Música Gótica (Gothic rock).


Texto original de Shadow's Angel e retirado da Wikipédia.
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%B3tico_(estilo_de_vida)

Enganos freqüentes sobre o tema.

"As vezes são cometidos alguns equívocos relativos ao goticismo ligando
a eles a imagem de auto-mutilação
e de auto-destruição pessoal e física."

Desde a década de 90 a subcultura começou a sofrer de algumas distorções por parte de enganos freqüentes como o de que o termo gótico sempre esteve ligado através da história e, portanto os góticos de hoje seriam legítimos descendentes dos visigóticos, godos, ostrogodos, entre outros.

Que esses mesmo teriam iniciado o estilo arquitetônico de construções sacras e também a literatura, quando na verdade as catedrais góticas só começaram a ser construídas no século XI e nem sequer se recebiam esse nome na época em que foram instauradas como arte sacra, pois expressavam a ideologia e estética da igreja católica na época.
Os renascentistas e iluministas, que se opunham à ideologia católica da época medieval, as chamaram, pejorativamente, “Góticas” muito depois, justamente como critica. Na época de sua construção eram chamadas "opus francigenarum"(arte francesa). Quanto aos bárbaros "Godos", que invadiram o império romano, foi um acontecimento dado por volta do século V, logo se vê então que são mais de cinco séculos de diferença histórica cultural, o que já havia feito uma diluição da cultura dos godos na Europa.

Do marco da construção das catedrais góticas (Do século XI até XIV) até a época em que surgiu um movimento literário chamado gótico e outro chamado romantismo (Século XVIII para XIX) já haviam se passados mais outros tantos séculos de diferença cultural e, portanto, a imagem de Gótico foi estabelecida como sombrio, fantasmagórico, misterioso, para criticar aqueles que tinham criticado o fim da Idade Média. O que era um nome pejorativo passou a ser um nome designador de uma estética “legal”. Terminamos assim de falar do sentido da palavra através do tempo sem ligá-la totalmente à subcultura e mostrar que até esse ponto os góticos da cultura iniciada na década de 80 não são descendentes dos Góticos dos séculos passados de forma alguma, pois nem sequer eles mesmos tiveram alguma ligação através de suas épocas. A ligação dos góticos contemporâneos com os antigos movimentos artísticos assim intitulados está nas músicas e na estética de forma indireta. Pra começar, a subcultura gótica não possui literatura própria, mas existem vários estilos literários apreciados por seus integrantes, entre eles, no Romance Gótico (Walpole, Mary Shelley, etc), Romantismo (William Blake, Lord Byron, Edgar Allan Poe, etc) a poesia Simbolista/Decadentista (Baudelaire, T.S. Elliot, Rimbaud, Oscar Wilde, etc) o romance Existencialista (Camus, Sartre, etc), Literatura Beat (Ginsberg, William Burroughs), entre outros.

Dessa forma, essa subcultura fez releituras ou sátiras da Literatura Gótica. Essa literatura também serviu de tema para movimentos artísticos anteriores, que influenciaram a cultura estética dos anos 1980, como por exemplo o Expressionismo.

Na literatura brasileira, os autores mais respeitados por integrantes do movimento gótico são: Augusto dos Anjos, Álvares de Azevedo, Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimarães. Dentre os autores da literatura portuguesa, os mais lidos são: Camilo Pessanha (o maior simbolista português) e Florbela Espanca.


Texto original de Shadow's Angel e retirado da Wikipédia.
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%B3tico_(estilo_de_vida)

Goticismo: Fico só ou em grupo?

Existem duas formas de goticismo: a individual ou a forma grupal.

Na primeira através do isolamento, já que o gótico é normalmente um pesquisador que se encanta com os mistérios da vida, geralmente muito sensível, pouco comunicativo, é um incompreendido e desta forma fica no seu mundo naturalmente isolado de uma vida colorida e materialmente consumista ( já que estes valores não o atraem ). Os membros da família onde “o gótico nasceu”, são os que geralmente não aceitam o comportamento de um filho ou filha góticos, na medida em que os consideram psicóticos. Entretanto desajustamentos psicológicos são raros, pois a auto-mutilação e o suicídio também estão presentes entre indivíduos não góticos. Nem todo gótico é suicida, alcoólatra, masoquista dentre outras tendências destrutivas. A maioria dos góticos gosta da vida e absorve intensamente tudo o que a cerca; entretanto, discorda da indiferença e impessoalidade existentes nomeio social. Daí ser comum construir seu universo dentro do quarto.

A forma grupal, vem da associação de indivíduos de postura visualmente gótica, cujos pensamentos encontram alguma identidade entre seus componentes, e a esses grupos denominamos, modernamente, como tribo. A convivência gótica permite o rompimento deste caráter naturalmente intimista do ser gótico que busca o isolamento, pois ao encontrar seus iguais, o ser manifesta as suas características interiores para os demais membros da tribo e assim ganha expressão exterior mais rapidamente, na medida em que a repreensão ou discriminação é vetada por góticos. À propósito, essa característica herdaram do movimento dark, na tendência por detestar padrões de conduta que adotem cerceamento da liberdade do pensar.

Goticismo Tradicional e Neogoticismo:

O Goticismo Tradicional é muito mais uma forma de ver o mundo e interpretá-lo ante a sua sensibilidade. Álvarez de Azevedo, Goethe, Edgar Alan Poe, Augusto dos Anjos, Clarice Lispector dentre outros escritores deixaram bem claro a postura gótica de ver a vida. O pensar, o refletir a cerca do mundo exterior em contra-posição aos sentimentos próprios dão a tônica deste tipo, que era gótico muito mais por uma questão mental do que por uma demonstração externa e visual.

O Neogoticismo, prima pelo que chamam de surrealismo, ou seja, o indivíduo se traveste de características que visualmente o identificam como gótico, utilizando roupas, calçados, jóias e bijuterias que trazem em sua essência o visível da subcultura. Os neogóticos utilizam o branco, o lilás, o vermelho, azul marinho, porque não há a obrigatoriedade do preto total. Alguns adotaram uma postura parcialmente punk, com mechas rosa ou vermelhas, utilizando piercing e metais em abundância como os adeptos do heavy metal. E isso em nada altera a postura. Ser gótico é antes de tudo, possuir um estado de espírito altamente observador e possuir uma atitude de repúdio diante da futilidade.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Gótico (estilo de vida)

Gótico (estilo de vida)-Trajetória sécs. XX & XXI

A subcultura gótica (chamada de Dark no início dos anos oitenta no Brasil) é uma subcultura contemporânea presente em muitos países. Teve início no Reino Unido durante o final da década de 1970 e início da década de 1980, derivado também do gênero pós-punk. A subcultura gótica abrange um estilo de vida, estando a ela associados, principalmente, gostos musicais dos anos 80 até o presente (darkwave/gothic rock, death rock, trip hop, ebm, synthpop, indie, industrial, etc.), estética (visual, "moda", vestuário, etc) com maquiagem e penteados alternativos (cabelos coloridos, desfiados, desarrumados) e uma certa "bagagem" filosófica. A música se volta para temas que glamourizam a decadência, o niilismo, o hedonismo e o lado sombrio. A estética sombria traduz-se em vários estilos de vestuário, desde death rock, punk, andrógino, renascentista e vitoriano, ou combinações dos anteriores, essencialmente baseados no negro, muitas vezes com adições coloridas e cheias de acessórios baseadas em filmes futuristas no caso dos cyber goths.

Subcultura

Foi taxada do "movimento cultural" devido ao princípio de que tal visão e comportamento são um protesto acerca da ambientação dada na época em que se iniciou, isto é, uma alienação que afirmava uma evolução e liberdade que, em verdade, eram insuficientes (ou até inverossímeis), e contra a qual a descrença deveria ser usada como denúncia. Apesar de simplista, esta explicação define o pensamento ideal da maioria dos que afirmam pertencer a este grupo. De qualquer modo, o mundo não parece ter mudado muito, e a subcultura continuou a evoluir cada vez mais podendo basear-se ainda nesse formato.

Mas quanto ao fato de seus integrantes usarem o termo subcultura, ao invés de cultura, para designá-lo, é dada a explicação de que esse estilo é uma invenção (não também uma reinvenção), não uma renovação, ou seja, ele se criou firmado em várias raízes paralelas e não visa renovar a cultura de massa, nem, tampouco, se opor a esta (isso seria ainda uma contracultura, não uma renovação). Sendo assim, o estilo gótico do qual estamos falando pode ser tomado como algo anexo do que todos pensam, já que não é uma evolução da cultura original, nem mesmo evolução de qualquer coisa outrora nomeada sobre o mesmo termo.


O termo gótico na subcultura

O termo gótico (do alemão: goth ou inglês gothic) foi usado através dos séculos sob vários significados, às vezes sem ligação alguma. Em algum momento histórico ele pode ter designado certo povo bárbaro que veio a invadir o império romano, mas não devemos nos apegar a isso para não confundir o leitor, pois com o passar do tempo, o termo ganhou significados diferentes. A palavra agrega sentidos que lembram: vitoriano, medieval, onírico, sombrio, assustador, fastamagórico, macabro, amedrontador, etc.

O uso do termo 'gótico', desvinculado de seu significado original, surgiu quase que irônicamente, no início da década de 80. A mídia de massa ao entrevistar integrantes das diversas bandas relacionadas à subcultura que começava a surgir, como seria classificada a atmosfera de suas músicas, por vezes recebia respostas semelhantes a: 'de temática sombria e soturna, 'gótica. Na metade da década de 80 o estilo já havia se disseminado por vários outros países (incluindo o Brasil) e o termo acabou por ir junto com ele e até hoje é usado para denominar a subcultura.

Texto original de Shadow's Angel e retirado da Wikipédia.
http://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%B3tico_(estilo_de_vida)


Ankh


Conhecida como Ankh, Aankh ou Cruz Ansata, consiste numa cruz com alça sendo um dos símbolos mais importantes encontrados nos templos do Egito Antigo, gravada nas colunas dos templos de Karnak, Edfu, Hatshepsut, Medinet Habu e em outras construções dinásticas, bem como em obeliscos e nas paredes de túmulos. Cenas pintadas em paredes destes e outros templos e túmulos, bem como, em papiros apresentam um deus estendendo a ankh ao faraó. Um exemplo disso está no túmulo de Amenhotep II onde vemos a ankh sendo-lhe entregue por Osíris.

O significado original do símbolo foi perdido com o passar do tempo, mas ele manteve um emblema hieroglífico constante da vida. A Ankh era usada em rituais, especialmente nos que envolviam cultos reais, e ela tinha significado especial quando era usada em várias cerimônias nos templos. Em sua forma, na parte vertical superior, acima dos braços da cruz, há uma associação ao cristianismo, nesse detalhe da cruz egípcia é ovalado ( na forma de uma alça ). Para os egípcios antigos isto significava vida e o símbolo, na verdade, é conhecido como a chave da vida.

A Cruz Ansata nas manifestações hieroglíficas é quase sempre associada a outra figura ou símbolo egípcio muito conhecido, que se encontra ao lado. Esta tem o mesmo tamanho do ankh e embora a parte inferior tenha a mesma largura, ela termina numa ponta na parte superior. Nesse caso, trata-se do hieróglifo ou sinal que, quando apresentado com o ankh, significa PARA SEMPRE. Juntos os dois símbolos demonstram VIDA ETERNA.

Por suas semelhanças com a Cruz Cristã, a Ankh chegou a ser assimilado pelos cristãos góticos. Entretanto, tornou-se proscrita e identificada com paganismo. Atualmente, ela é utilizada por ocultistas em geral e góticos.

Estilo Gótico - A História, expansão e expressões.

ESTILO GÓTICO - A HISTÓRIA:

O gótico designa uma fase da história da arte ocidental, identificável por características muito próprias de contexto social, político e religioso em conjugação com valores estéticos e filosóficos e que surge como resposta à austeridade do estilo românico.
Este movimento cultural e artístico desenvolve-se durante a Idade Média, no contexto do Renascimento do Século XII e prolonga-se até ao advento do Renascimento Italiano em Florença, quando a inspiração clássica quebra a linguagem artística até então difundida.

Os primeiros passos são dados a meados do século XII em França no campo da arquitectura (mais especificamente na construção de catedrais) e, acabando por abranger outras disciplinas estéticas, estende-se pela Europa até ao início do século XVI, já não apresentando então uma uniformidade geográfica.
A arquitectura, em comunhão com a religião, vai formar o eixo de maior relevo deste movimento e vai cunhar profundamente todo o desenvolvimento estético.

O TERMO:

Quando a nova estética se expande além das fronteiras francesas, a sua origem vai ser a base para a sua designação, art français, francigenum opus (trabalho francês) ou opus modernum (trabalho moderno). Mas vai ser só quando o Renascimento toma o lugar da linguagem anterior que os novos valores vão entrar em conflito com os ideais góticos e o termo actual nasce. Na Itália do século XVI , e sob a fascinação pela glória e cânones da antiguidade clássica, o termo gótico vai ser referido pela primeira vez por Giorgio Vasari, considerado o fundador da história da arte. Aos olhos deste autor e dos seus contemporâneos, a arte da Idade Média, especialmente no campo da arquitectura, é o oposto da perfeição, é o obscuro e o negativo, relacionando-a neste ponto com os Godos, povo que semeou a destruição na Roma antiga em 410. Vasari cria assim o termo gótico com fortes conotações pejorativas, designando um estilo somente digno de bárbaros e vândalos, mas que nada tem a ver com os antigos povos germânicos (visigodos e ostrogodos).

Somente alguns séculos mais tarde, durante o romantismo nas primeiras décadas do século XIX, vai ser valorizada a filosofia estética do gótico. A arte volta-se novamente para o passado, mas agora para o período misterioso e desconhecido da Idade Média. Goethe, também fascinado pela imponência das grandes catedrais góticas na Alemanha, vai acabar por ajudar ao impulso desta redescoberta da originalidade do período gótico, exprimindo as emoções que lhe são despertas ao admirar os gigantes edifícios de pedra.
Neste momento nasce o neogótico que define e expande o gosto pela utilização de elementos decorativos góticos e que reconhece pela primeira vez as diferenças artísticas que separam o estilo românico do gótico.

CONTEXTO E PRIMEIROS PASSOS:

Os séculos XI e XII são séculos de mudanças sociais, políticas e económicas que em muito vão fazer despoletar as necessidades de uma expressão artística mais adequada às novas premissas sociais.

O comércio está em expansão e a Flandres, como centro das grandes transacções comerciais, leva ao desenvolvimento das comunicações e rotas entre os diversos povos e reduz as distâncias entre si, facilitando não só o comércio de bens físicos, como também a troca de ideais estéticos entre os países. A economia prospera e nasce um novo mundo cosmopolita que se alimenta do turbilhão das cidades em crescimento e participa de um movimento intelectual em ascensão.
Paralelamente assiste-se ao crescimento do poder político representado pelo monarca e à solidificação do Estado unificado, poderosa entidade que vai aspirar a algo que lhe devolva a dignidade e a glória de outros tempos e que ajude a nação a apoiar a imagem do soberano .

A igreja, por seu lado, vai compreender que os fiéis se concentram nas cidades e vai deixar de estar tão ligada à comunidade monástica, virando-se agora para o projecto do que será o local por excelência do culto religioso, a catedral. Ao contrário da construção humilde e empírica do românico, a construção religiosa gótica abre portas a um espaço público de ensinamento da história bíblica, de grandiosidade, símbolo da glória de Deus e da igreja, símbolo do poder económico da burguesia, do estado e de todos os que financiaram a elevação do emblema citadino.

A FILOSOFIA DA LUZ E A ABADIA DE SAINT-DENIS:

O nascimento do estilo, mais que o seu desaparecimento, pode ser definido cronologicamente com clareza, nomeadamente no momento da reconstrução da abadia real de Saint-Denis sob orientação do abade Suger entre 1137 e 1144. Esta abadia beneditina situada nas proximidades de Paris, em França, vai ser o veículo utilizado à comunicação dos novos valores simbólicos: por um lado a dignificação da monarquia, por outro a glorificação da religião. Este empreendimento tem por objectivo apresentar o maior centro patriótico e espiritual de toda a França, ofuscando todas as outras igrejas de peregrinação, trazendo para si mais crentes e restabelecer a confiança entre a igreja e o seu rebanho.

Para materializar esta ideia várias fontes e influências terrenas vão ter de ser, no entanto, bem contabilizadas e fundidas. A cabeceira (zona este da igreja) vai ser emprestada das já existentes igrejas de peregrinação, com ábside, deambulatório e capelas radiantes, assim como a utilização do arco quebrado de influência normanda. A técnica construtiva dá também neste momento um avanço significativo contribuindo com a abóbada de nervuras (sobre cruzaria de ogivas) e que vai permitir uma maior dinâmica e flexibilidade de construção. O impulso destas abóbadas vai ser recebido por contrafortes no exterior do edifício, libertando o espaço interior e dotando-o de uma leveza extraordinária.

Mas mais que uma junção de elementos, o estilo gótico é afirmação de uma nova filosofia. A estrutura apresenta algo novo, uma harmonia e proporção inovadoras resultado de relações matemáticas, de ordens claras impregnadas de simbolismo. Suger, que é fortemente influenciado pela teologia de Pseudo-Dionísio, o Areopagita, aspira uma representação material da Jerusalém Celeste. A luz é a comunicação do divino, o sobrenatural, é o veículo real para a comunhão com o sagrado, através dela o homem comum pode admirar a glória de Deus e melhor aperceber-se da sua mortalidade e inferioridade. Fisicamente a luz vai ter um papel de importância crucial no interior da catedral, vai-se difundir através dos grandes vitrais numa áurea de misticismo e a sua carga simbólica vai ser reforçada pela acentuação do verticalismo. As paredes, agora libertas da sua função de apoio, expandem em altura e permitem a metamorfose do interior num espaço gracioso e etéreo.

O espaço é acessível ao homem comum, atrai-o de uma maneira palpável, que ele é capaz de assimilar e compreender, o templo torna-se o ponto de contacto com o divino, um livro de pedra iconográfico que ilustra e ensina os valores religiosos e que vai, a partir deste momento, continuar o aperfeiçoamento da mesma.


Original de Shadow's Angel.